terça-feira, 30 de novembro de 2010


recomendadíssimo.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Tato e potência artística explorados na oficina “Pigmentos e Tintas”

Antes de chegar ao Museu Casa Guignard, onde seria oferecida a oficina Pigmentos e Tintas, não portava endereço seguro e, portanto, minha pontualidade, objeto quase abstrato para o qual dedico atenção de acordo com minhas vontades, estava ameaçada.

Tinha uma pauta a cumprir e arbitrariedade alguma que partisse de mim pararia ou adiantaria os relógios. Duas horas da tarde, hora marcada para início da oficina e, no entanto, a porta continuava com a postura imperiosa de não oferecer qualquer fresta que autorizasse passagem.

Poucos minutos adiante, uma portinhola se abre embaixo dos nossos pés – sensação de ladeira – e podemos entrar no atelier instalado no porão do Museu. Me apresento a Attilio Colnago, artista plástico e professor da Universidade Federal do Espírito Santo, pedindo licença para adentrar no império de pedras que aquele porão/atelier simbolizava.

Com atenção quase infantil, vasculho o ambiente e tento traçar um itinerário dos objetos dispostos ali. Ao fundo um portão alto, de ferro, parecendo ser guardião do jardim que entrecortava com as grades pesadas. Um balão de junho esquecido sobre cadeiras; outro, preservando com faísca de lâmpada cores acesas, suspenso frente ao retrato do rosto que não se identifica.

Como se houvesse uma clarabóia natural, o centro do atelier era invadido por um azul de tonalidades controladas por marchas de nuvem. Desço das alturas do devaneio para o início da oficina. No primeiro dia, o qual me limito retratar, passou desde a Idade da Pedra a representações artísticas contemporâneas

Pintura e restauração: o sentido dos materiais explanou a sensibilização tátil frente a materiais oferecidos pela terra para a composição da matéria prima da construção de símbolos e conceitos, ora visionários, ora tradicionais, nas representações artísticas produzidas pelo homem.

A oficina propõe a discussão do que é o artista – ser abstrato e potente, vulnerável e imortal – e a exploração de texturas e pigmentos presentes em seu trabalho. Das poucas horas que tive da oficina que seguirá até o dia 23 de julho, não pude fazer cores, curiosidade inquietante agora, como idéia plantada pelo cal.


(todo escrito tem seu tempo do rídiculo para ter coragem de ser visto)

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

patota


Escolha fazer parte de um lugar que fuja de todas as definições que tudo concluem e estigmatizam. Escolha avaliar cada gesto teu e colocar sentimento em cada ato. Escolha ser muitos e ter um pouco de você em cada pessoa com a qual vive. Escolha não ter uma rotina de ações ou de pensamentos.Escolha colocar o pé na eternidade.

Patotinha 32 anos. Pediremos bis e tudo será perfeito!

domingo, 1 de agosto de 2010

É como se alguém tivesse ousado colocar as coisas sublimes e marmóreas em desassossego. Sinto infantilmente uma fé acuada, que tenta se apegar a qualquer coisa que esteja fora dos engasgos da minha cabeça. E o único som que vem e me pontua, como socos blasfêmicos na boca do estômago, é o da terra proibindo senti-lo de novo. Acostuma-se,isso é fato. Mas a gente também morre um pouco.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Fazendo estrada no ar da imaginação "Rádio Osquindô" leva a infância para o infinito


Corrente que prende gente / quem tem medo sai da frente! Pequenos iam e viam numa ligeireza só, entrecortando a fila para o show da “Rádio Osquindô”, realizado pela Cia Lunática, às 18h do domingo (18), no Teatro Ouro Preto.

A “Rádio Osquindô”, transmissão imaginária que tem como interferência palmas e gargalhadas, tinha todos os elementos do palco e da platéia coreografados: lamparinas suspensas acendiam e apagavam como se brincassem de ser vaga-lumes enquanto mãos e pés batiam no compasso que pedia a música de abertura.

Guitarra, baixo, bateria, percussão e voz imitavam trovoada e trem no misto teatral e sonoro que é a apresentação da Rádio Osquindô. O palco é uma brincadeira montada por cores, luzes e apetrechos jocosos. Nem todos resistem em não adentrar nessa fantasia: um menino salta para o mundo lúdico que era representado.

Cantaram a infância com a saudade que levam as pipas, em plano aéreo do tempo que nos faz crescer – alturas longínquas – e com a pequeninice das formigas, de posse do dom natural de apropriar-se do que nos escapa aos olhos para a criação de universos.

Ao cantarem Borboleta, de Marisa Monte, uma pequenina vestida de branco e com asas com brilhos de lantejoulas foi saudar o público rodopiando e ensaiando um canto tímido de menina, mas que levava a coragem de ser ouvido por dezenas de pessoas.

O grupo da Rádio Osquindô é formado por seis adultos que pegaram carona em uma cauda de cometa e decidiram que viver no mundo da lua, onde não há restrições para sonhos fantásticos que se põem fora da órbita do mundo de “gente grande”, é conservar-se criança e feliz. Me parece que aquela gente grande que estava em cima do palco pensa como Manoel de Barros, que olha as coisas de azul, "que nem uma criança que você olha de ave".

terça-feira, 13 de julho de 2010


O cortejo “Somos todos Chico-Rei – Circo Arte – Educação e Cidadania” abriu às 15h20 da última quinta, 8 de julho, o Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana – Fórum das Artes 2010. Do Largo do Cinema ao terminal de integração José da Silva Araújo, “Zé Duca”, inaugurado às 16h30 do mesmo dia, os Franciscos fizeram “o Brasil subir a ladeira” em tom compassado e policromo.
Guerreiros vibrantes, levaram em ritmo de chão e de altura as memórias da escravidão e da liberdade. Da janela da Rua Teixeira Amaral, um homem, uma mulher e um pássaro assistiam a música que corria, vinda de trás. Palmas em espreita, viam a menina que pisava em mãos.
E foram também ritmo mar, em vento vermelho de asas de pano, reverência à cor e coroa em estandarte. Menino, preste atenção, pediam para em fala grave, de marcha, dizer da força do Chico de Francisco, Chico-Rei, e dos filhos da África.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

desfoque policromático

vindo da cegueira cínica da refração

fração trapo de tempo tato

que em língua ancestral esmiúça

usa

lanterna epidérmica

365 voltas

bis

61

21

volta

assoalho de osso

toque oco diário compasso

como é que eu faço?

válvula de alma ininterrupta

peso pedra em Rio

fato

com tudo, reverbero

quarta-feira, 16 de junho de 2010

a coisificação do corpo


O corpo é interpelado a identificar-se. Portar-se.Consumir.Defecar. O corpo é voz, é gesto, é o que você é. Seu almoço, seu desgosto, sua fama. Traz o legado de eras do mundo. Geneticamente escapou do sagrado e andou à luz da Razão.O corpo é coisificado, etiquetado. O corpo é movimento compassado. Corpo público, ético.Corpo fotográfico, acadêmico, líquido. Decorado. Copiado. Corpo anunciado. Publicado: obituário.




Trabalho transdisciplinar da turma mais relapsa de jornalismo.

quarta-feira, 5 de maio de 2010


tenho formiguinhas nos pés...e no coração.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Não, não aceito a carona, meu senhor. Não quero com sorrisos e acenos de cabeça rítmicos dar a complacência do interesse por coisas que em 3 minutos esquecerei. É um ciclo. Quero no silêncio e na sujeira do ponto de ônibus degustar o peso enjoativo do estômago e do peito. A falência das crenças. Suicídio. Me sinto péssima. Minha casa parece de ouro e eu o mendigo imundo em reverência.

quinta-feira, 8 de abril de 2010


Estou com princípio de pneumonia e me tornei uma burguesa, não tiro minhas meias dos pés!
Pelo menos essa enfermidade me dá sol no colchão no quintal de casa, cappuccino, filmes que são "ICHS demais", segundo as minhas patotas amadas e que adoram me pelar o saco, e pequenos paparicos.
Mas me tira o momento quase sublime, por sua raridade, de ouvir rock no CAEM e ir pra Viçosa de carona.
Confesso também que resistir ao choconhaque que vai rolar na Patotinha hoje vai ser muito, muito difícil!

p.s: Cena do filme "Meu irmão é filho único".
Há também "1984" (que deixou a Yara cabeça de borboleta apavorada e rendeu à Laís uma pessoa pendurada no seu pescoço de madrugada) e "Paradise Now", que veremos hoje.

quarta-feira, 7 de abril de 2010


Uma sala de aula nunca foi um ambiente que ela pudesse classificar como agradável. Não cabia naquela gaveta de gente, e mesmo as idéias que circulavam junto ao ventilador de teto lhe pareciam excessivamente impessoais. Assim dizia fulano, ciclano e beltrano. Segunda ela, quando era?

Mas havia um momento, sem a necessidade de sua permissão, que as idéias penduradas na hélice despencavam trazendo o peso de um soco no estômago: era a aula de cultura e identidade brasileira. Era a cisma natural das perguntas que ninguém tinha a valentia de pensar ou responder.

Diante da força das inquietações - e das cadeiras, mesas e quadros que se colocavam absolutos no consagrado habitat acadêmico – emudecia. O soco no estômago tirava-lhe a fala, mas de algum modo lhe fazia traduzir e proclamar as coisas de si de um jeito diferente.

A identidade, muitas vezes estupidamente erguida como estandarte de imposição do que teatralmente se é, aceitou travar diálogos com os fulanos e se compreendeu plural e não concluída. Talvez tenha adotado algo da estética do Bispo.

Estranho vício de ter as idéias desordenadas, violadas. Mas a abstinência vinda da constância que a perturbava mais além que a estabilidade a curou de certo modo de sua miopia.


quinta-feira, 18 de março de 2010

Aprenda já a perceber os sentimentos dos outros. E os teus...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010


Sentiu-se expulsa da cama pelo sobressalto dos pesadelos. Depois veio aquela dormência nas pernas, percebida sempre que achava ter por segundos o dom de prever catástrofes.
O dia inteiro então foi arrastado em meio ao calor, às paredes, ao tédio e a mesma dormência insistente nas pernas. Seu corpo era dado a expressar essas coisas; por vezes, sentia um formigamento nos pés, como se estivesse sendo pedida pra partir. Em momentos como esse, acostuma-se a ter a casa vazia.
E aí surge a formidável biogênese dos universos que se criam pelos cantos. E é prazeroso este pequeno controle vindo do som, dos objetos desordenados, porém sempre tão leais; e do meio tom no ar que preserva (como se luz deixasse as portas abertas) a autonomia e pessoalidade do seu universo. Mas sim, é preciso ter em mãos qualquer asa ou escada que dê conectividade ao que se sabe existir pela lucidez e pela evidência dos fatos. Por isso o som familiar, hóspede; e as expressões emanadas do corpo, ancestrais. O que fere abriga a compreensão que inutilmente, com êxitos esparsos talvez, busca quando está tudo claro e em movimento. Pois acostuma-se também com a casa cheia, mas é preciso que esteja vazia para que o corpo usurpe a função do verbo. E o resto se faz em companhia do universo que as formiguinhas dos pés tem o poder de carregar. E com as lâmpadas, acendendo e apagando.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Ana Cristina Cesar


Estamos em cima da hora.

Daydream.

Quem caça mais o olho um do outro?

Sou eu admito vitória.

Ela que mora conosco então nem se fala.

Caça, caça.

E faz passos pesados subindo a escada correndo.

Outra cena da minha vida.

Um amigo velho vive em táxis.

Dentro de um táxi é que ele me diz que quer

chorar mas não chora.

Não esqueço mais.

E a última, eu já te contei?

É assim.

Estamos parados.

Você lê sem parar, eu ouço uma canção.

Agora estamos em movimento.

Atravessando a grande ponte olhando o granderio

e os três barcos colados imóveis no meio.

Você anda um pouco na frente.

Penso que sou mais nova do que sou.

Bem nova.

Estamos deitados.

Você acorda correndo.

Sonhei outra vez com a mesma coisa.

Estamos pensando.

Na mesma ordem de coisas.

Não, não na mesma ordem de coisas.

É domingo de manhã (não é dia útil às três da

tarde).

Quando a memória está útil.

Usa.

Agora é a sua vez.

Do you believe in love...?

Então está.

Não insisto mais.