terça-feira, 20 de julho de 2010

Fazendo estrada no ar da imaginação "Rádio Osquindô" leva a infância para o infinito


Corrente que prende gente / quem tem medo sai da frente! Pequenos iam e viam numa ligeireza só, entrecortando a fila para o show da “Rádio Osquindô”, realizado pela Cia Lunática, às 18h do domingo (18), no Teatro Ouro Preto.

A “Rádio Osquindô”, transmissão imaginária que tem como interferência palmas e gargalhadas, tinha todos os elementos do palco e da platéia coreografados: lamparinas suspensas acendiam e apagavam como se brincassem de ser vaga-lumes enquanto mãos e pés batiam no compasso que pedia a música de abertura.

Guitarra, baixo, bateria, percussão e voz imitavam trovoada e trem no misto teatral e sonoro que é a apresentação da Rádio Osquindô. O palco é uma brincadeira montada por cores, luzes e apetrechos jocosos. Nem todos resistem em não adentrar nessa fantasia: um menino salta para o mundo lúdico que era representado.

Cantaram a infância com a saudade que levam as pipas, em plano aéreo do tempo que nos faz crescer – alturas longínquas – e com a pequeninice das formigas, de posse do dom natural de apropriar-se do que nos escapa aos olhos para a criação de universos.

Ao cantarem Borboleta, de Marisa Monte, uma pequenina vestida de branco e com asas com brilhos de lantejoulas foi saudar o público rodopiando e ensaiando um canto tímido de menina, mas que levava a coragem de ser ouvido por dezenas de pessoas.

O grupo da Rádio Osquindô é formado por seis adultos que pegaram carona em uma cauda de cometa e decidiram que viver no mundo da lua, onde não há restrições para sonhos fantásticos que se põem fora da órbita do mundo de “gente grande”, é conservar-se criança e feliz. Me parece que aquela gente grande que estava em cima do palco pensa como Manoel de Barros, que olha as coisas de azul, "que nem uma criança que você olha de ave".

terça-feira, 13 de julho de 2010


O cortejo “Somos todos Chico-Rei – Circo Arte – Educação e Cidadania” abriu às 15h20 da última quinta, 8 de julho, o Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana – Fórum das Artes 2010. Do Largo do Cinema ao terminal de integração José da Silva Araújo, “Zé Duca”, inaugurado às 16h30 do mesmo dia, os Franciscos fizeram “o Brasil subir a ladeira” em tom compassado e policromo.
Guerreiros vibrantes, levaram em ritmo de chão e de altura as memórias da escravidão e da liberdade. Da janela da Rua Teixeira Amaral, um homem, uma mulher e um pássaro assistiam a música que corria, vinda de trás. Palmas em espreita, viam a menina que pisava em mãos.
E foram também ritmo mar, em vento vermelho de asas de pano, reverência à cor e coroa em estandarte. Menino, preste atenção, pediam para em fala grave, de marcha, dizer da força do Chico de Francisco, Chico-Rei, e dos filhos da África.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

desfoque policromático

vindo da cegueira cínica da refração

fração trapo de tempo tato

que em língua ancestral esmiúça

usa

lanterna epidérmica

365 voltas

bis

61

21

volta

assoalho de osso

toque oco diário compasso

como é que eu faço?

válvula de alma ininterrupta

peso pedra em Rio

fato

com tudo, reverbero