sexta-feira, 24 de julho de 2009

O ato do verbo, corpo ditado.

Sobre o espetáculo que foi o TCC (UFOP) de Guto Martins, um cara com idéias incríveis.


Amoroscuro recebeu adjetivações de inúmeras vozes; vozes que o sabiam, de algum modo, mapear no chão dramatúrgico, musical, biográfico e poético.

A quem entra na Sala35 desprovido de tamanha bagagem associativa, o espetáculo não emudece: o corpo do espectador é interpelado. “O público precisa ver” e DIZER.

E, como prolongamento do roteiro, sua fala se faz também pelo corpo: no arrepio entre atos, no calar-se em deslumbramento, nas palmas reverberadas. O espetáculo se constrói em ordem ilógica. Suas cenas - expressionistas, surreais - estão intrinsecamente calcadas no gesto; gesto ácido, pesado, manco, irônico e piedoso.

O palco se rasga. Os olhos de vigília partem dele, é agora violável.

Amoroscuro é tato, verbo, notas, espasmo.


3 comentários:

  1. "sua fala se faz também pelo corpo: no arrepio entre atos, no calar-se em deslumbramento, nas palmas reverberadas."

    que vontade que deu...

    aliás, você deve estar se esbaldando no festival, hein? rs... argh, por que eu perco essas coisas ? =(

    beijos!

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  2. este foi o texto que vc me falou?

    poético, crítico, perceptivo!

    pq eu perdi essa peça? tsc tsc...

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  3. Belíssimo texto. Poético, sonoro... Lindo mesmo.

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