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Ex-alunos e moradores da Sinagoga reunidos no dia da mudança |
Na
manhã de um sábado após uma ida ao CAEM, os moradores e ex-alunos da república
Sinagoga tinham uma importante tarefa. Realizar a mudança da cumadre Dercília
de Oliveira Santos para uma pequena casa no bairro Veloso. Localizada no alto
de um morro, a casinha da cumadre foi escolhida por um átimo do gosto: é essa
mesmo!
A
história da casa pela qual Dona Dercília diz ter se apaixonado começa no dia em
que comentou com os rapazes da Sinagoga que gostaria de comprar um lugar para
morar. Inicialmente, eles foram em busca de um financiamento na Caixa Econômica
Federal. Enquanto Dercília procurava a casa que adquiriria, os sinagoganos,
denominação dada aos membros da república, uniram-se e apressaram-se para
arrecadar o dinheiro da compra. Em menos de seis meses atingiram o valor
necessário.
A
cumadre Coró, como também é chamada, parece ter olhos de vigília para cada
detalhe que a cerca. Traz na memória o dia exato em que chegou à república
Sinagoga: 14 de novembro de 1994.
A
figura atenciosa e materna de Dona Dercília esteve cuidando de dezenas de meninos durante os 16 anos em que viveu
na república. Desde o dia em que chegou, conviveu com mais de vinte ex-alunos,
além dos muitos que passaram por lá.
Se
Dona Dercília dispensa carinho e vigília diários aos seus meninos, para ela não
são oferecidos cuidados diferentes. É lembrada no dia das mães, quando adoece,
a cada hora em que um acorda ou sai.
Em
um tempinho de prosa na sala da Sinagoga ela nos conta aos risos do dia da
mudança. Depois de um CAEM e embaixo de sol a pino, as primeiras coisas
lembradas para serem colocadas nos ombros ao subir o morro foram o fogão, o
gás, o torresmo e a pinga.
Dona
Dercília tem agora a casa que escolheu para morar. Depois disso, muitos almoços
e “gólos” foram feitos no alto daquele morro no Veloso. Mas o aviso vem logo,
sem acanho e sincero: sua casa mesmo é aquela de número 150 na Rua das
Mercedes. A república Sinagoga.
Ouro Preto, novembro de 2010.