terça-feira, 3 de novembro de 2009


Nesta segunda-feira, 02 de novembro, foi apresentada no quadro Literatura em Cena no Teatro Casa da Ópera o debate O desafio de idealizar e executar um caderno de cultura que contou com a participação de Álvaro Costa Silva, Jornal do Brasil; Fabrício Marques e Jaime Prado Gouvêa, ambos do Suplemento Literário, cuja mediação foi realizada por Marta Maia, docente da Universidade Federal de Ouro Preto.
Marta Maia abre a mesa fazendo alusão ao “leitor insônia”, aquele que não dorme, e o compara aos leitores esporádicos. Estes dois perfis destacam a questão de como se construir uma pauta em um caderno de cultura que seja capaz de ser compreendido por ambos. Álvaro Costa Silva aponta a funcionalidade de guia dos cadernos literários, que devem possuir uma pluralidade sempre que possível.
Fabrício Marques declara que se procura oferecer um texto balanceado, que não seja simplista e tampouco hermético. Jaime Prado Gouvêa diz da importância de se ter um equilíbrio de gêneros literários com o material acadêmico publicados.
Os cadernos literários foram de suma importância para as letras, especialmente na segunda metade do século XX. Autores cujas obras eram consagradas e novas gerações de escritores eram publicados lado a lado e eram divulgados através do veículo. Na sociedade dita pós-moderna, em que novas mídias dotam de autonomia os consumidores e democratizam o acesso à informação, é repensada a função dos cadernos de cultura.
Diante da questão, Gouvêa, que utiliza o exemplo concreto do Suplemento Literário, diz ser função do Suplemento deixar o campo aberto para publicações novas e para a divulgação de novos escritores. Dentro da abordagem, Álvaro declara: “o caminho para você continuar existindo é no meio impresso”.
A modernização dos meios e técnicas no campo comunicacional coloca em voga a discussão a respeito do novo jornalista que se configura neste meio. Sobre o assunto, Marques aponta “o fato dessa nova geração poder equilibrar a questão visual e textual, sua capacidade de observação e seu contato com a literatura” como aspectos positivos que, segundo ele, confrontam-se com o imediatismo exigido. Para Silva o que o incomoda é a ausência da aventura na reportagem e o contato estabelecido com outras pessoas prioritariamente por email e telefone.
Foi colocada em pauta também o que é veiculado nos jornais brasileiros e o conteúdo criado pela nova geração de escritores no país. Foi diagnosticado que quase 60% do espaço físico dos jornais é destinado ao entretenimento, o que levou à colocação dos autores em defesa de uma articulação entre o meio impresso e as novas mídias. O consenso não foi atingido quanto à literatura produzida hoje. Jaime Gouvêa e Fabrício Marques acreditam que há uma intensa produção, o que não traduz necessariamente uma melhora generalizada na literatura. Álvaro Silva diz haver “uma geração nova e interessante que busca seus caminhos”.
A fala de Fabrício Marques sintetiza o que foi explorado no debate: “a ênfase deve ser dada nas idéias, não importa o suporte utilizado”.
O caderno cultural Suplemento Literário pode ser adquirido gratuitamente pela página http://www.cultura.mg.gov.br/?task=interna&sec=6&con=21

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